O Novo Testamento destaca virtudes que, vistos através dos nossos padrões atuais, não são lá muito comoventes. “Bem-aventurados os humildes de espírito”, significa literalmente “bem-aventurados os indigentes”, algo excessivamente comum para ser levado em conta! As pregações que se ouvem hoje procuram enfatizar a força de vontade, a beleza do caráter da pessoa — coisas que são facilmente notadas por todos. A frase que tantas vezes ouvimos — “Aceitar a Jesus” — dá ênfase a uma postura que o Senhor nunca propôs e na qual nunca confiaria. Ele nunca nos pede para aceitá-lo, mas para nos rendermos a ele — o que é muito diferente. O reino de Jesus Cristo tem como base a beleza natural daquelas coisas que se tornam simples. Sou bem-aventurado pela minha pobreza. Se sei que não tenho força de vontade, nem nobreza na minha disposição, então Jesus diz: “Bem-aventurado és tu”, porque é através dessa pobreza que entras no Meu reino. Não posso entrar nele como pessoa boa, só posso entrar como um indigente.
A verdadeira natureza da beleza interior que testifica de Deus é aquela que se torna sempre num fator inconsciente. Uma influência consciente é ostensiva e anticristã. Se eu disser: “Será que sirvo para alguma coisa”, logo ali se perde toda a beleza que me surge daquele toque proveniente do Senhor. “Quem crer em mim… do seu interior fluirão rios de água viva”, João 7:38. Se fico para analisar que rios são esses, perco no toque do Senhor.
Quais são as pessoas que mais nos têm influenciado? Não são as que pensavam fazê-lo, mas as que não tinham a mínima noção de que estavam a exercer certas influências sobre nós. Na vida evangélica, a realidade implícita nunca é consciente; se é consciente, deixa de ter aquela beleza simples que é a característica principal do toque especial vindo da parte de Jesus. Sabemos quando é Jesus que está operando, porque ele produz algo que é inspirador naquelas coisas que nos são comuns.