Todos nós somos potencialmente comodistas espirituais. Não queremos, por assim dizer, vermo-nos envolvidos com as durezas desta vida; nosso único objectivo é chegar a uma posição de comodidade. O que Heb.10 enfatiza é que devemos nos estimular uns aos outros e mantermo-nos unidos — duas coisas que exigem iniciativa, a iniciativa da realização de Cristo e não a da auto-realização. Viver uma vida retraída, reclusa, é o oposto da espiritualidade que Jesus Cristo ensinou.
O verdadeiro teste de nossa espiritualidade acontece sempre que nos deparamos com a injustiça, a maldade, a ingratidão e o tumulto, coisas essas que têm a tendência de nos tornar comodistas espirituais. Usamos a oração e a leitura bíblica com o objectivo de nos acomodarmos espiritualmente. Queremos Deus apenas visando o alcance da paz e da alegria — não queremos conhecer Jesus Cristo da maneira que ele nos ensinou; desejamos apenas o gozo que ele nos pode oferecer. Esse é o primeiro passo em direcção ao erro. Todas essas coisas são efeitos simples e nós tentamos antes transformá-las em causas.
“Também considero justo”, disse Pedro “despertar-vos com essas lembranças”, 2Ped.1:13. Às vezes é muito desagradável recebermos uma cotovelada de um “despertador” espiritual destes, de alguém que está cheio de actividade espiritual. Activismo e actividade espiritual não são a mesma coisa. Activismo pode ser uma falsificação da actividade espiritual. O perigo do comodismo espiritual está em que nós não queremos ser despertados; só queremos permanecer tranquilos. Jesus Cristo nunca estimula a ideia de comodismo: “Ide avisar a meus irmãos…”, Mat.28:10.