Jerusalém, na vida do Senhor, foi o lugar onde ele atingiu o auge de toda a vontade do Pai. “Não procuro a minha própria vontade e, sim, a daquele que me enviou”, João 5:30. Esse foi o interesse dominante durante toda a sua vida e tudo o que com ele se deparou em seu caminho, alegrias ou tristezas, sucessos ou fracassos, nunca o desviaram do seu propósito. “Manifestou o firme propósito de ir para Jerusalém”, Luc.9:51.
A coisa mais importante de nos lembrarmos é que subimos para Jerusalém para cumprir o propósito que Deus nos incumbiu e nunca o nosso próprio. Naturalmente que nossos anseios nos pertencem; mas na vida cristã não temos objectivos próprios. Fala-se tanto, hoje em dia, de nossas decisões por Cristo, nossa determinação de sermos cristãos, nossas decisões a favor disto e daquilo, mas o que ressalta do Novo Testamento é o aspecto do impulso da vontade de Deus dentro de nós. “Não fostes vós que me escolhestes a mim; fui eu que vos escolhi…”, João 15:16.
Não somos levados a fazer um acordo consciente com o propósito de Deus; somos impelidos a cumprir os propósitos de Deus sem ter deles a mínima consciência, por vezes. Não temos nenhuma noção do que Deus está pretendendo connosco e, na medida que prosseguimos, o propósito dele torna-se cada vez mais vago para nós. Temos a impressão de que Deus está errando o alvo porque somos por demais míopes e não enxergamos a Jerusalém que ele está visando. No começo da vida cristã, temos nossas próprias ideias sobre o objectivo de Deus connosco: “Eu tenho que ir para aqui ou para ali”, “Deus chamou-me para fazer um trabalho em todo especial” e vamos para o fazermos, mas o forte impulso de Deus permanece ainda dentro de nós. O trabalho que realizamos não tem nenhuma importância; comparado com o grande impulso de Deus dentro de nós, não passa de meros andaimes. “Tomando consigo os doze” — ele nos chama continuadamente. Há algo mais do que aquilo que havemos recebido até agora.