Deus chamou Jesus Cristo para o que parecia um fracasso absoluto aos olhos humanos. Jesus chamou seus discípulos para assistirem à sua própria morte; levou cada um deles a um profundo quebrantamento. A vida de Cristo foi um fracasso total sob o ponto de vista de todo o mundo, menos do de Deus. Mas, o que aos homens parecia fracasso, foi um extraordinário triunfo do ponto de vista divino, porque o propósito de Deus nunca é conseguido como o propósito do homem.
Este desconcertante chamado de Deus chega também até nós. Esse chamado nunca pode ser declarado como absoluto e totalmente compreensível exteriormente; ele pode apenas ser entendido e levado a sério pelo carácter que existe em nosso interior e ser apreendido e entendido por aquilo que somos interiormente. É como o chamado do mar — ninguém o ouve, a não ser a pessoa que tem em si a natureza do mar. Não se pode explicar de maneira bem definida para o que Deus nos chamou, porque ele nos chama para sermos companheiros dele antes de tudo, visando os seus próprios objectivos; e o teste desse chamado consiste em crer que Deus sabe precisamente tudo o que quer e que as coisas que acontecem não são por acaso, mas antes inteiramente por determinação de Deus. Deus desenvolve os seus objectivos dessa maneira simples.
Se estivermos em comunhão com Deus e reconhecermos que ele nos inclui em seus planos, não insistiremos mais em descobrir quais serão estes. À medida que crescemos na vida cristã, ela vai-se tornando mais simples, porque fazemos menos perguntas: “Por que Deus permitiu isto ou aquilo?” Por trás de tudo está a força constrangedora de Deus. Cristão é aquele que confia na sabedoria de Deus e não em juízos que faz sobre eles. Se tivermos planos próprios, isso destruirá a simplicidade e a descontracção que devem caracterizar a vida de qualquer filho de Deus.