O jovem rico retirou-se triste e mudo, nada mais tinha para dizer. Não tinha dúvida nenhuma quanto ao que Jesus lhe dissera, nem discutiu o sentido das palavras dele e isso produziu nele uma tristeza inexprimível. Você já se viu nessa situação? Deus já lhe falou sobre algo que você considera uma riqueza sua — temperamento, gostos pessoais, relacionamentos? Nesse caso, já se entristeceu muitas vezes ao ponto de não saber o que dizer a Ele. O Senhor não irá atrás de si, não lhe fará súplicas, mas todas as vezes que o interpelar com essa mesma questão, ele simplesmente lhe repetirá: “Se falas a sério quanto a seguir-me, essas ainda serão as condições”.
“Vende tudo o que tens”, despoje-se moralmente diante de Deus de tudo o que talvez seja uma riqueza, até reduzir-se a um simples ser humano e apenas então ofereça-se a Deus. Será aí que se trava a mais dura batalha — quando colocamos nossa vontade antes e acima da que Deus tem para nós. Você está mais voltado para a sua própria ideia daquilo que Jesus deseja, do que voltado para ele? Se for assim, provavelmente ouvirá uma das suas frases que lhe parecerão duras e que o entristecerá ainda mais. O que Jesus diz é duro; e só se torna fácil quando o ouvimos com uma disposição igual à que Ele tem. Tenha cuidado para não deixar que nada torne a palavra dura de Jesus Cristo mais branda do que ela é.
Posso mesmo tornar-me orgulhoso de minha própria pobreza, tão consciente de que não sou ninguém, que nunca poderei ser discípulo efetivo de Jesus por essa razão; ou posso ser tão consciente de que sou alguém que também nunca me tornarei discípulo. Estarei disposto a esvaziar-me da hiper-consciência de que sou pobre? É aí que o desânimo ganha pernas para andar. O desânimo é amor-próprio que se desencantou com algo e esse amor-próprio pode ser o tal amor à minha devoção por Jesus Cristo.