Sempre que nos deparamos perante uma encruzilhada difícil em nossa experiência evangélica, corremos aquele risco de culpar Deus por isso; mas somos nós que estamos errados, não pode ser ele; é que há em nós alguma forma de mal a que não queremos renunciar. Assim sendo, logo que abrimos mão disso, tudo se torna claro como a luz do dia. Enquanto tentarmos servir a nós mesmos e a Deus ao mesmo tempo, permaneceremos confusos e baralhados. Nossa atitude deve ser de completa confiança em Deus apenas. Quando agirmos assim, nada nos será mais fácil do que uma vida santa; a dificuldade surge quando queremos usurpar a autoridade do Espírito Santo em nós para a realização dos nossos próprios fins.
Sempre que possamos obedecer a Deus, esse ato será prontamente selado com aquele testemunho de nossa paz, não natural mas especial e incompreensível para todos nós, isto é, a paz de Jesus. Caso não sintamos essa paz dentro de nós, devemos esperar até que ela chegue ou então procurar descobrir por que razão ela não chegou ainda. E se estivermos agindo através de impulsividade e mesquinhez, ou em busca dum sentimento de heroísmo, não sentiremos essa paz dentro de nós, já que esse nosso gesto não demonstra em nada, nem a simplicidade nem confiança Deus. A simplicidade nasce do Espírito Santo, não de nossas decisões, pois elas opõem-se claramente a essa simplicidade, a esse tipo de simplicidade específica.
As dúvidas surgirão apenas sempre que deixamos de obedecer-lhe especificamente. Quando obedecemos a Deus, os problemas nunca se interpõem entre nós e ele, mesmo que os haja; servem, isso sim, de ferrão para fazer com que a mente fique ainda mais maravilhada ante a revelação que nos chega de Deus. Todos os problemas que possam surgir quando estamos em disposição de obediência para com Deus — e surgem muitos — aumentará nosso gozo espiritual, porque sabemos que nosso Pai tem conhecimento desses mesmos problemas; então ficamos a observar e, em antecipação, ver como ele os solucionará por nós.