Nós a sós com ele. Jesus não passa todo o tempo a sós conosco explicando a verdade. Ele no-la explica à medida que podemos apreendê-la e cativá-la em nós. A vida dos outros é sempre uma incógnita a desvendar para nós próprios. Mas Deus está empenhado em fazer-nos entender nossa própria alma, primeiro e em primeira instância. É um trabalho lento; tão lento que Deus leva o tempo duma eternidade para moldar uma pessoa conforme Seus desígnios. O único jeito de virmos a ser úteis a Deus é deixar que Ele nos leve a penetrar nos recantos mais íntimos de nosso ser e carácter. É espantoso o quanto desconhecemos de nós mesmos! Não nos apercebemos da inveja, da preguiça e do orgulho que ainda existe em nós. Jesus revela-nos tudo o que este nosso corpo abrigava antes de sua graça atuar nele. Quantos de nós aprenderam a olhar com coragem para dentro de si próprios?
Temos que libertar-nos da presunção de achar que nos compreendemos o bastante; essa é presunção que deve ser abandonada. O único que nos compreende é Deus. A maior das maldições para a vida espiritual é a presunção. Se alguma vez tivermos um vislumbre daquilo que somos aos olhos de Deus, nem chegaremos a dizer: “Oh, como sou indigno”, porque então teremos percebido que somos tão profundamente indignos que nem nos interessa afirmar tal coisa mesmo. Enquanto não estivermos totalmente convictos de que somos indignos, Deus continuará a cercar-nos até conseguir que fiquemos a sós com ele. Enquanto houver em nós vestígios de orgulho ou presunção (camuflados ou não), Jesus não poderá explicar-nos nada. Ele nos fará sofrer as decepções de um orgulho intelectual ferido e de passar por frustrações sentimentais. Ele nos revelará afeições distorcidas – coisas pelas quais nunca pensamos que ele nos chamaria à parte. Ouvimos muitas coisas em aulas, mas essas raramente podem ser tidas como “explicações”. Essas serão quando Deus tratar delas conosco a sós.