Enquanto não nascermos de novo, o único tipo de tentação que compreenderemos é aquele que Tiago descreve: “Cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz”, Tiago1:4. Mas, pela regeneração, somos elevados a um outro plano de vivência, onde enfrentamos outro tipo de tentações — do tipo que nosso Senhor enfrentou. As tentações de Jesus não seduzem a pessoa não regenerada, pois não encontram ressonância no interior daquela natureza humana por regenerar. As tentações que ele sofreu pertencem a uma esfera distinta daquela que enquadra nossa situação antes de havermos nascido de novo e de nos havermos tornado irmãos dele. As tentações de Jesus nunca serão as de homem, mas antes as tentações dirigidas ao Deus que foi feito Homem. Através da regeneração, o Filho de Deus é formado dentro nós e, em nossa vida física, ele encontra o mesmo ambiente que encontrou na terra quando andou por cá. Satanás tenta, não para que façamos coisas erradas, mas antes para que percamos aquilo que Deus nos concedeu regenerando-nos — isto é, a possibilidade de sermos usados por ele exclusivamente. Ele não usa a estratégia de nos tentar para pecarmos somente e sim de alterar nosso ponto de vista sobre o que Deus faz em nós exclusivamente. E só o Espírito de Deus que é capaz de perceber que se trata de uma tentação do diabo sobre nós.
A tentação é um teste que um poder hostil coloca às aptidões de uma personalidade individual. Assim, a tentação do Senhor torna-se sempre explicável para a natureza humana. Depois que Jesus aceitou a incumbência de tirar o pecado do mundo em seu baptismo na Sua morte peculiar e já existente, ele foi imediatamente submetido pelo Espírito de Deus à bateria dos testes do diabo, mas não esmoreceu com eles; passou incólume pela tentação (“sem pecado”) e conservou intactos os atributos de sua personalidade divinal.