O ensino do Senhor resume-se assim: o tipo de relacionamento que ele exige é impossível, a menos que ele tenha operado em nós essa obra sobrenatural primeiro. Jesus Cristo exige que, ao nos defrontarmos com a tirania e a injustiça, não haja em nosso coração o mais leve traço de ressentimento contra absolutamente nada, nem mesmo de forma reprimida sequer. Um simples entusiasmo jamais subsistirá sob o peso que Jesus Cristo colocará sobre qualquer servo seu; só um relacionamento pessoal com ele conseguirá e subsistirá, um que tenha sido purificado por Deus até que apenas um único objetivo se mantenha ainda: “Estou aqui para que Deus me envie para onde ele quiser”. Tudo o mais poderá ficar ofuscado, mas nunca esse relacionamento que temos com Jesus Cristo a partir dali.
O Sermão do Monte não é um ideal; é uma exposição do que acontecerá em mim quando Jesus Cristo tiver alterado minha disposição por completo, substituindo-a pela que só ele tem. Jesus Cristo é o que pode cumprir o Sermão do Monte em nós.
Se quisermos ser discípulos de Jesus, isso só acontecerá mediante uma obra sobrenatural acontecendo pelo lado de dentro; enquanto tivermos a determinação em forma de propósito de sermos discípulos, podemos estar certos de que ainda nem o somos. “Vós não me escolhestes a Mim, mas Eu vos escolhi”, João 15:16. Será por ali mesmo que começa toda a graça de Deus. É um chamado do qual não podemos fugir; podemos desobedecê-lo, mas não pensemos que podemos gerá-lo. Deus nos constrange pela sua graça sobrenatural e nunca poderemos descobrir onde a sua obra começa e quando ela termina sua obra. A formação de um discípulo, pelo Senhor, é coisa sobrenatural. Ele não constrói, em absoluto, sobre nenhuma de todas as nossas capacidades naturais. Deus não nos pede para fazermos aquelas coisas que nos possam ser naturalmente fáceis; ele só nos pede para fazer aquilo que a sua graça nos capacita a realizar, fácil ou difícil e é nesse ponto que sempre teremos que encarar a levar nossa cruz até ao seu fim.