O evangelho de Deus tem por consequência poder criar um sentido de necessidade do próprio evangelho. Paulo diz: “Se o nosso evangelho ainda está encoberto, para aqueles que perecem está encoberto, os quais o deus deste século cegou os seus entendimentos, aos que não crêem…”, 2Cor.4:3,4. A maioria das pessoas está bem segura da sua própria moralidade; elas não têm nenhuma sensibilidade prognóstica de necessidade do evangelho. É Deus quem cria dentro de nós essa carência espiritual, da qual nenhum ser humano tem consciência a não ser depois que o próprio Deus a manifesta interiormente. Jesus disse: “Pedi e dar-se-vos-á”, mas Deus não pode dar enquanto o homem não pedir. Não que ele retenha as dádivas, mas é dessa maneira que ele estabeleceu que tudo possa acontecer ainda, com base nessa redenção que Cristo efetuou e efetiva ainda. Por nossos pedidos, Deus transpõe-se para colocar em ação os mecanismos mediante os quais ele cria as suas dádivas, as quais por sua vez, só passarão a existir depois que as pedirmos e recebermos. A realidade intrínseca da redenção é que ela está sempre formando e criando. Assim, como a redenção cria em nós a vida de Deus por nós, ela cria igualmente todas as dádivas relacionadas com essa mesma vida. Nada pode satisfazer certa necessidade senão aquilo mesmo que a criou. Esse é a essência de toda a redenção — ela cria o que satisfaz.
“E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo”, João 12:32. Quando pregamos a nossa própria experiência, as pessoas podem ficar interessadas, mas isso não despertará nelas a consciência de sua necessidade espiritual se ela não existir já dentro de si. Se Jesus Cristo for levantado, o Espírito de Deus irá criar uma necessidade consciente dele próprio. Por trás de toda a pregação do evangelho real, está a criativa redenção de Deus em ação do lado de dentro dos corações dos homens. Não será apenas nosso testemunho pessoal que salva as pessoas. “As palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida”, João 6:63.